Estado trófico na cascata de reservatórios de um rio no semiárido brasileiro

Resumo

O presente trabalho avaliou o estado trófico da água na cascata de reservatórios entre o médio e o baixo rio São Francisco e a influência das vazões afluente e defluente em cada reservatório, através de coletas trimestrais realizadas entre dezembro de 2007 e setembro de 2008, nos reservatórios de Sobradinho, Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso-I, II, III, Paulo Afonso-IV e Xingó. As variáveis utilizadas foram transparência da água, clorofila-a, fósforo total e fósforo solúvel reativo, determinados para o cálculo dos índices de estado trófico. O reservatório de Sobradinho diferiu dos demais para todas as variáveis e índices estudados, sendo classificado como mesotrófico-eutrófico. Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso-I, II, III e Paulo Afonso-IV mostraram uma variação sazonal semelhante entre si e estado trófico entre oligotrófico e mesotrófico. Foi observada uma oligotrofização da água ao longo da cascata cujo efeito foi atenuado; entretanto, pelo aporte de tributários (rios Pajeú e Motoxó) e efluentes das cidades no entorno do sistema, principalmente em Paulo Afonso, Bahia. O reservatório de Sobradinho apresentou condição trófica mais elevada, característica de armazenador do sistema, e aqueles intermediários entre Itaparica e PA-IV estão sujeitos a modificações associadas diretamente à presença de tributários e cidades em seu entorno enquanto Xingó apresenta caráter predominantemente oligotrófico. Apenas Sobradinho apresentou diferença sazonal do estado trófico enquanto os demais reservatórios apresentaram comportamento semelhante entre si e pequena variação do estado trófico entre os meses. Os reservatórios do médio e submédio São Francisco apresentam tendência de oligotrofização descendente no sistema, com condição trófica dependente de sua posição na cascata, sujeita a um padrão de variação sazonal associada à afluência e defluência do reservatório de Sobradinho e da operação das diferentes usinas para a geração de energia.